29 May 2013

24 May 2013

Como?

Olhamos à volta sem solução. Sabendo que como está não pode ficar. É simplesmente impossível. Escolher entre coisas más, para além de dramático, é daquelas coisas que adiamos até ao impossível. E sim, mesmo sabendo que essa inacção pode aumentar em muito os custos futuros de qualquer decisão que tomemos, ou que tomem por nós.

Uma Europa que está assim, sonâmbula, como dizia ontem a capa da The Economist. Um país que não se revolta contra um governo que insiste numa receita que falhou de forma evidente - com custos dramáticos para todos. Que apenas pode usar como argumento ter ganho credibilidade nos mercados, uma espécie de novo deus, que ninguém controla, elege ou compreende, e que serve para justificar tudo e mais alguma coisa. Para Portugal, como para a Grécia. Um governo que é neste momento obviamente incapaz de implementar qualquer reforma, mesmo que - numa inversão total de rumo - esta fizesse sentido.

Não sei se esta incapacidade de compreender o momento que vivemos ficará como uma marca destes tempos. Se, daqui a uns anos, vamos olhar para trás e perguntar como foi possível. Como deixámos que a ideia de Europa se transformasse num jogo de atirar culpas uns aos outros que só serve para desunir. Como deixámos que um governo usasse e abusasse da mesma estratégia com os seus cidadãos. Como deixámos que explicações, tão fáceis quanto falsas, servissem de alavanca para mudar a face de um país, sem que tivéssemos sequer tido palavra a dizer sobre o assunto. Não sei, mesmo.