Vejo por aí spin a rodos sobre como a nossa credibilidade foi afectada pela crise política de julho, tentando colocar totalmente o ónus na suposta irresponsabilidade do nosso actual vice-pm. Ora, este spin é interessante. Vejamos o que deve ter dado imensa credibilidade:
1) Apoiar entusiasticamente e inclusive ir além de um programa de ajustamento que estava errado na análise da crise e nas soluções que propunha.
2) Ainda assim, conseguir falhar redondamente todas as metas definidas nesse programa em termos de execução orçamental.
Nem eu, nem ninguém, sabe o que pensam os investidores em dívida portuguesa. Mas colocados perante a insustentabilidade da dívida caso não cumpramos o programa ou a mesma insustentabilidade da dívida caso o cumpramos, só resta mesmo a esperança na mudança de atitude das instituições europeias.
Insistir em cumprir um programa cuja ineficácia está mais do que comprovada, e tentar vender isso como a única coisa responsável que podemos fazer, em nome de uma credibilidade dos mercados que ninguém consegue identificar, é simplesmente fazer-nos a todos de estúpidos. Faz mesmo falta alguém que diga basta. De preferência, de forma irrevogável.