12 Mar 2004

11 de Março


Mais um dia de formação no Porto. Às 7h50 já estou no aeroporto para apanhar o avião. O detector de metais está especialmente sensível hoje. Tenho de tirar o relógio. Depois o cinto. Depois os sapatos. Lá acabo por conseguir passar. Penso que é estranho, que não costuma estar tão sensível. Não me apercebo, ainda não sabia... Às 11 horas, no intervalo da formação ligo para o escritório. Todas as bolsas caem. É aí que o Rui me diz. Mais de 100 mortos. Comboios. Madrid. Passo o resto do dia a pensar, Madrid é tão minha cidade como o Porto, como Coimbra, pertence ao meu país. Só cheguei a Lisboa há pouco. Só vi as imagens agora. Porquê? Para quê? Choca-me a falta de humanidade, choca-me a irracionalidade, choca-me a injustiça, choca-me! Choca-me! Porra. Podia estar a escrever até amanhã. Os nomes dos mortos, o nome da família dos mortos, todos os nossos nomes, somos todos que estamos ali.

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