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Parece-me evidente que episódios generalizados como os de violência urbana em França não surgem sem estar criado um enorme mal-estar entre estes grupos e a sociedade a que pertencem. Um mal-estar que, de tão grande, é assustador.
Cá no burgo as reacções são do mais típico possível. Muito comentário racista (encapotado ou directo) se tem escrito por essa blogosfera fora ("deviam era ir trabalhar, vejam lá damos-lhes muito mais condições do que tinham na terra deles e é esta a paga"). Uma conversa do estilo "são criminosos, lei marcial, disparar a matar". Sem mais. Afinal "na terra deles" não tinham melhor do que isso.
Ainda temos os "bushistas" para quem tudo o que aconteça de mau em França é motivo de profundoe deleitado gozo.
E, claro, a versão do "bom selvagem". A culpa "é da sociedade", percebe-se que os jovens estejam zangados". Não têm oportunidades, e por isso partem lojas, destroem carros, batem em pessoas.
Estas reacções, de tão básicas, tornam-se absurdas. Mas colam, colam muito bem com os preconceitos que cada um tenha enfiados na cabeça.
Eu, confesso, hesito. Não tenho dúvidas, nenhumas, que a generalidade da Europa (e sim, França está no topo) é racista. Muito racista, particularmente com africanos. Mas a protecção das pessoas tem de estar em primeiro lugar. E, para isso, vai ser preciso violência para acabar com esta.
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