Sócrates, Sócrates, Sócrates. Aparentemente a nossa democracia evoluiu para um sistema em que existe apenas uma pessoa. Que é responsável por tudo. Ao ponto de existir quem sugira que todos os problemas do país se resolveriam com o seu afastamento. Ou ao ponto de termos partidos políticos que se recusam a dialogar com o PS, caso este não escolha outro líder (a falta de cultura democrática assim demonstrada já fez correr muita, e boa, tinta).
As eleições têm a ver com responsabilização política. Quem deteve um determinado cargo deve ser responsabilizado nas urnas pelas opções que tomou e pelo fracasso ou sucesso dessas opções. Mas há mais, claro que há mais. Convém que exista uma visão para o que aí vem. Numa altura em que as escolhas políticas estarão necessariamente condicionadas ao Memorando de Entendimento assinado com a CE/FMI/BCE, parece ser quase indiferente quem estará no governo nos próximos anos. Nada mais errado. A intervenção externa cria condições para que parte significativa do Estado Social que temos actualmente seja desmantelado. Há tempos escrevi aqui que reformar o Estado Social - garantindo que seja mais eficiente e mais focado no que é fundamental - era o melhor que podíamos fazer para garantir que este não acabaria.
O acesso universal a educação e saúde de qualidade e mecanismos de protecção que respondam, na medida do possível, a situações de miséria, são parte integrante do país em que quero viver.
O cumprimento das metas traçadas no Memorando de Entendimento, essenciais para sanear as nossas finanças públicas é, assim, tão importante como o país que queremos ser depois de efectuadas as reformas nele contidas. Pelo menos nesse aspecto, o voto de 5 de Junho é tudo menos indiferente.
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