Se alguma coisa puder ser explicada por estupidez, não procures outra explicação. Esta frase, que ouvi há muitos anos, tem uma actualidade particular quando se olha para os vários governos da Europa, a tentarem lidar com uma crise que, para ser sincero, nos ultrapassa a todos.
Mas, no fundo, a explicação da crise europeia é simples. Chama-se falta de confiança. Mesmo na ausência dos mecanismos necessários para enfrentar uma crise numa união monetária, creio que bastaria que os mercados (os investidores) acreditassem que os diversos membros da Zona Euro estariam inequivocamente na disposição de fazer o que fosse necessário para ajudar qualquer país membro que enfrentasse dificuldades conjunturais (como Portugal), ou mesmo estruturais (como a Grécia).
O que se passou, e continua a passar, foi exactamente o contrário. Se alguém se der ao trabalho de recolher as diversas declarações dos n responsáveis políticos desde o início da crise de dívida soberana, o que vai encontrar são acima de tudo recriminações e hesitações, numa confrangedora falta de capacidade de entender o ideal de construção europeia e escapar à mera gestão dos respectivos calendários eleitorais. E, já agora, de conceber e explicar os custos incalculáveis do fim da moeda única.
Aparentemente sem noção dos riscos que estão presentes e de como se torna cada vez mais difícil recuperar uma confiança que se andou a destruir no último ano e meio, a atitude da Europa tem sido, como dizer... Isso, estúpida.
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