A conversa é-me demasiado familiar. Anos de um ensino de Economia alicerçado numa realidade paralela, espécie de distopia em que os "agentes" são todos racionais e maximizar o lucro é o objectivo único. Em que nada, mesmo nada, da estrutura social é tida em conta. Cheia de soluções com zero de aplicabilidade porque, lá esta, insistimos em ser pouco coerentes com as hipóteses dos modelos.
Um preconceito total contra os serviços públicos. Se és pobre é porque tomaste as opções erradas. Escolheste mal o curso, ou os pais, ou o país. Alguma coisa de errado fizeste. E se é assim, só tens de mudar. Qualquer forma de apoio vai ser um incentivo para continuares a não merecer melhor.
Ouço o governo e volto lá, ao anfiteatro 120. Repito: a conversa é-me demasiado familiar. E é mesmo por isso que me aterroriza.
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