Tendemos a ver a política de uma forma simplista, reagindo mal ao confronto que esta necessariamente gera. Os apelos ao consenso - perante uma situação que é muito difícil - são bem recebidos porque esquecem que a democracia se faz de combate. Idealmente esse combate pelo voto dos cidadãos seria feito a um nível de ideias - como vamos sair desta situação, que prioridades temos para alocar recursos escassos, que tipo de sociedade queremos ser - mas, como sabemos, esse mundo não existe.
Renegar a democracia porque o combate político é demasiadas vezes feito de ataques pessoais e manipulações da verdade, equivale a deitar fora o bebé com a água do banho. Este é mesmo "o pior de todos os sistemas, com excepção de todos os outros". A teoria dos jogos explica bem porque é que uma solução que não optimiza a utilidade de todos os envolvidos é muitas vezes a escolha racional. É que jogar com regras diferentes dos adversários é o caminho mais certo para a derrota.
1 comment:
bem gizado mas a não optimização da utilidade de todos é um tanto elaborada e, porventura, demasiado optimista...
no combate político (talvez possa mesmo dizer-se: em democracia) ninguém joga com as mesmas regras
o parêntesis da democracia refere-se a outras regras que não as do aparato legal - essas sim, são requisito e caracterizam o Estado de Direito - antes às dos comportamentos dentro da lei mas a resvalar da ética
ou pior ...
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