A União Europeia poderá ter comprado algum tempo com a cimeira de ontem. A demonstração de unidade e de vontade em enfrentar o problema é, por incrível que pareça, uma novidade. O facto de vir tarde, e desse atraso ter custos muito significativos (entre os quais a necessidade de realizar uma intervenção externa em Portugal), não faz com que esta resposta deixe de ser uma boa notícia.
No entanto, e muito ao jeito destas cimeiras, há respostas fundamentais que não foram dadas. Para que o fundo europeu funcione como uma barreira de protecção a países como Espanha e Itália, vai precisar de bolsos bem fundos, à semelhança do que aconteceu com o TARP. Estão os países europeus (com a Alemanha à cabeça) na disposição de desembolsar os fundos necessários? O ignorar do impacto de uma potencial declaração de um evento de crédito na Grécia (bem como a promessa de este ser o último pacote de ajuda) também parecem ser consequência do wishful thinking que muitas vezes domina os corredores de Bruxelas.
Ainda assim, os mercados parecem estar, para já, a dar o beneficio da dúvida à solução apresentada. Convinha que este fosse usado para tentarmos resolver alguns dos problemas de arquitectura institucional que são causa, tanto do problema, como da incapacidade de resposta até agora. A redefinição do papel do BCE, passos progressivos de harmonização fiscal e uma visão global, e não país a país, dos desequilíbrios existentes, são essenciais para que o tempo da União Europeia não venha a ter um fim abrupto.
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