Todos sabemos que, mais cedo ou mais tarde, a União Europeia vai ter de fazer uma escolha. As não-soluções que foram sendo apresentadas desde o início da crise grega foram sempre entendidas, por todos, como um sucessivo adiar do problema, até serem reunidas umas "fantasiosas" condições que nunca ninguém explicou quais seriam.
O tempo para continuar a adiar chegou ao fim. A mensagem que os investidores em dívida pública de países europeus fizeram passar durante as últimas duas semanas foi clara: a inacção europeia faz com que cada país da zona euro seja avaliado exclusivamente pela sua capacidade em cumprir o pagamento da respectiva dívida, ainda para mais num contexto de sinais visíveis de recuo no processo de integração a que assistimos nas últimas décadas.
No entanto, entre o desejo por uma solução e a capacidade de a realizar, há um bom número de obstáculos. O acordo de um número grande de países, com calendários eleitorais diversos, obriga a uma gestão para a qual já não existe tempo. Acresce que em parte desses países, a opinião pública foi bombardeada com a demagogia da dicotomia moral entre os virtuosos do Norte e os preguiçosos do Sul. Agora o discurso vai ter de ser totalmente invertido, alertando finalmente os eleitores para o facto de os custos de uma solução serem muito inferiores aos catastróficos custos de um desmantelar da zona euro (sim, é isso que está em causa). Só podemos esperar que não seja tarde demais.
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