26 Feb 2013

O equívoco

Sei pouco sobre política italiana e um resultado assim deixa espaço a uma miríade de interpretações. Mas parece ser claro que a solução tecnocrática, a inevitabilidade de uma austeridade germano-cêntrica como chantagem sobre todos os países, acabou de sofrer um rude golpe nas urnas. Não só Monti - o tecnocrata por excelência - se fica pelos 10%, como Bersani (o candidato implicitamente apoiado como o sucessor das políticas de Monti) tem um resultado que, mesmo sendo o mais votado, só pode ser considerado uma derrota.


Tudo isto parte de um equívoco que não é explicável à generalidade dos eleitores. As políticas de austeridade, impostas por quem não tem de as aplicar num momento de recessão e aproveitadas por quem vê tudo o que cheire vagamente a Estado como algo a erradicar o mais depressa possível, são de uma forma geral contraproducentes no objectivo de reduzir défices e dívida pública sobre o PIB.

Cavalgar este equívoco para obter expressão eleitoral é, no fundo, um brinde que estamos a oferecer aos populistas que existem por essa Europa fora. Durão Barroso, em vez de fazer declarações inúteis, devia era esforçar-se em impedir que as instituições europeias continuem a alimentar uma fogueira que, não tarda muito, ainda nos queima a todos.

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