Apesar do que significa em termos de idade, confesso que gosto bem mais de pertencer à "geração rasca" do que à "geração à rasca".
22 Feb 2011
Spóquem (3)
Saber que tudo tem ciclos (havemos de conseguir voltar a ganhar aos lampiões, caramba!), não anestesia propriamente a dor de ver o meu clube seguir alegremente de humilhação em humilhação.
21 Feb 2011
Sad, but true
"O Sporting é a nossa puta", cantado pelas claques do Benfica, era o que se ouvia em Alvalade no final do jogo.
19 Feb 2011
Ignorar bons conselhos
Writing is not necessarily something to be ashamed of, but do it in private and wash your hands afterwards.
Robert Heinlein
Robert Heinlein
18 Feb 2011
Pode alguém ser livre, se outro alguém não é?*
Na tarde de sexta-feira passada, enquanto se fazia história no Egipto, estava no trabalho colado à televisão a ver as imagens da Al-jazeera, emocionado com a felicidade única daquela multidão, o momento da libertação em que tudo parece possível.
À minha volta a indiferença era total. Perante várias tentativas de comentar, de partilhar aquele momento, a reacção variava entre os que não faziam ideia do que se passava naquele país e os que, sabendo que se passava alguma coisa, não viam nada de especial no momento.
Tomamos a liberdade como garantida, até a retirarmos por completo das nossas inquietações. Achamos que o que se passa naquele outro mundo - em que até a cor da pele não é a nossa - não nos interessa para nada. Mais cedo ou mais tarde a indiferença vai sair-nos cara.
*da música "Pode alguém ser quem não é?" de Sérgio Godinho
À minha volta a indiferença era total. Perante várias tentativas de comentar, de partilhar aquele momento, a reacção variava entre os que não faziam ideia do que se passava naquele país e os que, sabendo que se passava alguma coisa, não viam nada de especial no momento.
Tomamos a liberdade como garantida, até a retirarmos por completo das nossas inquietações. Achamos que o que se passa naquele outro mundo - em que até a cor da pele não é a nossa - não nos interessa para nada. Mais cedo ou mais tarde a indiferença vai sair-nos cara.
*da música "Pode alguém ser quem não é?" de Sérgio Godinho
Al-va-la-de, já não dá...
17 Feb 2011
O diabo está nos detalhes
A cada medida de redução da despesa pública anunciada (e serão precisas bem mais...), surge logo a oposição a vociferar. Desde a redução de comparticipação a escolas privadas onde existe suficiente oferta pública, ao fim do transporte de doentes não urgentes de forma grátis e indiscriminada, etc., etc..
É giro, isto, de clamar por uma coisa e depois ser contra todas as medidas que podem permitir chegar lá.
É giro, isto, de clamar por uma coisa e depois ser contra todas as medidas que podem permitir chegar lá.
16 Feb 2011
Devia haver uma lei sobre isto
Dias como este (de dilúvio, isto está bem para lá de chuva) são para ser passados em frente a uma lareira, com mantas, livros, amigos e vinho.
Desafios
Hoje enfrentei uma plateia de miúdos dos 3 aos 5 anos na escola da minha filha, para apresentar com ela um projecto que estivemos a fazer em casa sobre as fases da Lua. A partir daqui estou preparado para tudo.
15 Feb 2011
I kid you not!
14 Feb 2011
Chuva no nabal
Faz todo o sentido, em termos tácticos, que o PSD escolha o momento que mais lhe convém em termos eleitorais para apresentar ou aprovar uma moção de censura. Não dá é para alegar que está a ter em conta os superiores interesses do país, enquanto contribui para manter no poder aqueles que qualifica como o maior bando de incompetentes que já passou pela governação portuguesa.
Ondas
Gosto das ondas da comunicação social. Neste próximos 3 dias vamos poder saber com exactidão quantos idosos são encontrados mortos em casa e teorizar imenso sobre o assunto.
12 Feb 2011
Já não se pode contar com nada
É com profunda tristeza que constato a decadência que atingiu os croissant com chocolate da Bénard.
11 Feb 2011
Não é isto verdade?
Hoje na TSF um bem falante responsável da GNR dizia que a corporação tinha feito tudo o que era legalmente exigível no caso da senhora que esteve morta 9 anos no seu apartamento sem ser descoberta. Para logo passar para a culpa da sociedade como um todo e, nesse sentido, também a GNR devia reflectir sobre este caso. Nestas coisas lembro-me sempre de uma das frases do FMI de José Mário Branco: "a culpa é de todos, logo a culpa não é de ninguém. Não é isto verdade?"
10 Feb 2011
Alhos e bugalhos
A notícia sobre uma senhora que foi descoberta sem vida no seu apartamento nove anos depois de ter sido vista pela última vez - perturbadora por tornar palpável a solidão das grandes cidades, mais visível ainda nos velhos - serviu para muitos exorcizarem os fantasmas da actualidade, através de generalizações que me parecem obscenas. Nada sei sobre a senhora, nem sobre o que levou a que uma situação horrenda como esta fosse possível. Daí até utilizar o caso para chegar à conclusão que o Estado é uma entidade pérfida e, vejam lá, até foi o fisco através de uma penhora que descobriu a situação (tipo só vêm bater à porta para cobrar) já me parece excesso de necessidade de exorcismo de algumas cabeças.
9 Feb 2011
De cada um
Tenho andado às voltas com isto da responsabilidade de ser feliz. Com as concessões que vamos fazendo, às vezes porque é mais fácil, outras porque é mais cómodo ou nos falta a coragem de enfrentarmos o desconhecido, de sair da zona de conforto. Mas não dá para delegar ser feliz. Nem para culpar outros, ou a vida - essa entidade difusa. Esta responsabilidade é mesmo de cada um - pessoal e intransmissível.
Catolitech
Parece que a igreja aprovou uma app do iPhone para servir de confessionário. Parece-me bem, adicionar estilo aos pedidos de absolvição. Fará upload e tudo? E, se sim, para onde?
8 Feb 2011
Chicken
Miguel Relvas realçou que o Governo tem tido ao seu dispor “todos os instrumentos” de que precisa mas, “seja por incúria seja por incompetência”, tem mostrado uma “total ausência de vontade e de capacidade para tomar as medidas de que o país “urgentemente precisa”.
O tom está num nível que exige uma moção de censura, não é? Mas, dado que é o PSD de Passos Coelho, tudo é possível. Mesmo fazer afirmações destas depois de um Conselho Nacional e assobiar para o lado como se não pudessem fazer nada sobre o assunto.
O tom está num nível que exige uma moção de censura, não é? Mas, dado que é o PSD de Passos Coelho, tudo é possível. Mesmo fazer afirmações destas depois de um Conselho Nacional e assobiar para o lado como se não pudessem fazer nada sobre o assunto.
Agenda reivindicativa
Estávamos muito bem a jantar, quando de repente a M. dispara: "quero uma mana, um mano ou um animal de estimação!" Perante o nosso espanto, decidiu reforçar: "um bebé ou um animal de estimação, tens de escolher mãe!"
Efeitos colaterais
Os publicitários estavam em depressão antes de o governo ter decidido aumentar o IVA, não? Desde o início do ano não se ouve falar de mais nada na publicidade.
7 Feb 2011
Spóquem! (2)
A linda choradeira vivida em Alvalade na sexta-feira, com o pretexto da saída do Liedson, foi um daqueles sinais de perspicácia do subconsciente que, por vezes, atingem uma multidão (pequena, nestes tempos, mas ainda assim uns milhares de pessoas). Quanto mais depressa fizermos o luto de um Sporting que já só existe na imaginação e memória dos sócios e adeptos, menos duro vai ser cair na real.
Das notícias da manhã
Animado com o Sol, que continua a dar um ar da sua graça. Bem necessário é, perante as notícias da manhã, os números mais o que eles significam. Acho que ouvi que 15.000 idosos vivem sozinhos em Lisboa - em que condições? Um incêndio nas Caldas da Rainha, três mortos, de 10 pessoas que viviam em quartos numas águas-furtadas. Marcelo a declarar o governo morto, de professor a médico-legista da democracia, deve fazer sentido, tudo deve fazer sentido naquela cabeça, supomos. A capa do Público, com os nomes das 43 mulheres assassinadas no ano passado em casos de violência doméstica, vergonha, vergonha, vergonha, mil vezes vergonha por deixarmos que isto se continue a passar aqui, em 2011, ao nosso lado. Não há Sol que nos valha para tudo isto, caramba.
6 Feb 2011
Leituras
"(...) Castigar um adversário político, pô-lo na prisão ou enviá-lo para o Lager é cruel mas racional, sempre se fez; antigamente vendiam-se os prisioneiros como escravos. É uma realidade de sempre, condenável, mas de sempre, encontramo-la mesmo no mundo animal: as formigas fazem razias e escravizam. Mas punir o outro porque ele é outro, na base de uma ideologia abstracta, parecia-me ser o cúmulo da injustiça, da estupidez e da irracionalidade.
Porquê, em que sou eu diferente dos outros? Há aqui uma distinção importante a fazer: os judeus religiosos, os judeus crentes, como todos os crentes, não compreendiam, não sentiam esta injustiça, viam nela um castigo divino, imputavam-na ao Deus imcompreensível, ao Deus desconhecido, que tem poder de vida ou de morte, que segue apenas critérios inacessíveis ao nosso entendimento, porque tudo o que Deus decide tem de ser aceite. Mas, para um laico como eu era e continuo a ser, era a maior iniquidade possível, que nada podia justificar ou explicar."
Primo Levi, O dever de memória, Livros Cotovia, pág. 36
Porquê, em que sou eu diferente dos outros? Há aqui uma distinção importante a fazer: os judeus religiosos, os judeus crentes, como todos os crentes, não compreendiam, não sentiam esta injustiça, viam nela um castigo divino, imputavam-na ao Deus imcompreensível, ao Deus desconhecido, que tem poder de vida ou de morte, que segue apenas critérios inacessíveis ao nosso entendimento, porque tudo o que Deus decide tem de ser aceite. Mas, para um laico como eu era e continuo a ser, era a maior iniquidade possível, que nada podia justificar ou explicar."
Primo Levi, O dever de memória, Livros Cotovia, pág. 36
4 Feb 2011
Spóquem!
Neste momento a Naval ganha 3-2 em Alvalade. Faltam 20 minutos para acabar o jogo. E, aparentemente, quem se vai embora é o Liedson.
Liberdade
Percebo pouco do que se passa no Egipto, claro. Na simplificação que naturalmente faço, pasmo e comovo-me com a espontaneidade de milhões pessoas que exigem a liberdade de escolherem o seu próprio destino, assim, sem mais pontos que ofusquem o fundamental: serem livres, mais livres.
3 Feb 2011
Saudade
É difícil perceber que morreste há mais de 10 anos. Que há 1 década que não ouço a tua voz rouca, que não sinto a tua mão a acariciar-me a cara, como fazias tantas vezes. Já escrevi aqui, faz tempo também, que às vezes tenho a sensação de este ser um sítio onde falo contigo, mãe. Onde vou contando o que se vai passando, como uma prova de vida, da tal vida que continua, como me disseste uns anos antes de morreres, quando foi a vez do pai.
Vou olhando para o espelho e vendo que estou cada vez mais parecido contigo. As mesmas linhas a começarem a desenhar-se na cara, a mesma vontade de continuar, de ser feliz, de "o que tem de ser tem muita força" e "não te preocupes com o que não controlas", como me dizias tantas vezes.
O mais difícil, claro, é ver a M. crescer sem te conhecer, sem te ter na vida dela. Com a noção de que vocês iam ser companheiras, as duas determinadas e com poucos medos, prontas para se divertirem e aprenderem uma com a outra. É pena que não possas ver os teus filhos e netos felizes, pena que o orgulho que sentirias - com todos, mas mesmo todos nós - seja algo apenas projectado por mim, mas que sei real num mundo que fosse um pouco menos cabrão em algumas coisas.
Era isto que te estava para dizer há já uns tempos, mãe. O facto de não o poderes ler não é para aqui chamado, pois não?
Vou olhando para o espelho e vendo que estou cada vez mais parecido contigo. As mesmas linhas a começarem a desenhar-se na cara, a mesma vontade de continuar, de ser feliz, de "o que tem de ser tem muita força" e "não te preocupes com o que não controlas", como me dizias tantas vezes.
O mais difícil, claro, é ver a M. crescer sem te conhecer, sem te ter na vida dela. Com a noção de que vocês iam ser companheiras, as duas determinadas e com poucos medos, prontas para se divertirem e aprenderem uma com a outra. É pena que não possas ver os teus filhos e netos felizes, pena que o orgulho que sentirias - com todos, mas mesmo todos nós - seja algo apenas projectado por mim, mas que sei real num mundo que fosse um pouco menos cabrão em algumas coisas.
Era isto que te estava para dizer há já uns tempos, mãe. O facto de não o poderes ler não é para aqui chamado, pois não?
Não há limites para o contorcionismo
Parece que, finalmente, descobriram ao Estado uma função importantíssima: financiar escolas privadas (isto é, os donos dessas escolas), mesmo que estejam em duplicação com escolas públicas que já existam.
2 Feb 2011
Dou por mim a pensar...
Nestas reuniões com os bancos todos será que Cavaco está à procura de mais um investimento tão rentável como o do BPN?
Intemporal
"In case you're worried about what's going to become of the younger generation, it's going to grow up and start worrying about the younger generation."
Roger Allen
Roger Allen
Efeitos da crise
A crise ajuda a esbater fronteiras. O típico discurso de ataque ao Estado social tem sido uma bela mistura dos defensores da meritocracia ("as pessoas são pobres porque não se esforçam") com os taxistas ("essa malta não quer é trabalhar").
1 Feb 2011
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