24 Jun 2004

Da forma


"Só escreves sobre futebol", dizes-me. Verdade. Mas há que aproveitar a óptima desculpa... Para além disso, como não estar imerso neste "mundo", que nos vai alimentando e consumindo emoções? Já expremi, algures lá para baixo, a inquietude que vou sentindo nestes dias. Dividido entre a adoração pura e simples à selecção (a tal das frases "Eu acredito" e "Sintam a nossa fé") e o receio que me inspiram estes momentos de unanimismo, de delírio, de... adoração. Assusta-me a intensidade das emoções, a intensidade das reacções, a fronteira clara entre "nós" e "eles", o exacerbar dessa mesma fronteira. Assusta-me ainda mais a crítica, velada ou nem por isso, a quem não participa na "onda de apoio".

Mas isto sou eu, quadrado na forma e conteúdo, incapaz de largar as amarras que me prendem à racionalidade. E, na maior parte do tempo, feliz com esta forma geométrica como representação. Forma que é abandonada, claro, durante curtos períodos de tempo. Por exemplo, para festejar os golos, incluindo os do Nuno Gomes (a ex-amélia), logo à noite.

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