30 Sept 2004

Curiosidade


Quanto tempo até o erro de casting que o meu trabalho representa se tornar insustentável? E o que acontece nesse momento? Mudo de emprego ou mudo eu?

28 Sept 2004

Comentário motivado pelo post anterior


Estou preocupado à séria com o facto de ter transportado para este blogue os raciocínios que infestam o dia-a-dia do meu trabalho. Diversificação de risco. Que merda. Estou, de facto, farto de me aturar. Aos leitores (sim, há esperança que seja mais do que um) peço desculpa.

Riscos


E a diversificação do risco, Inês? Que o "solteira, maior" esbarra em preconceitos não tenho dúvidas. E, no entanto, existe um risco diferente (e menor) em serem dois a ganhar metade de x em vez de um a ganhar x.

27 Sept 2004

Confesso


Estou sem paciência para me aturar. Já tiveram dias assim, em que a vossa voz vos irrita e incomoda?

24 Sept 2004

Polivalência


A sede com que os militantes do PP estão a ir ao pote, em termos de agarrar tachos, tem tanta intensidade quanto o discurso pseudo-moralista que protagonizavam na oposição. Mas a polivalência da nossa extrema-direita não se manifesta apenas no plano moral. Também nos aspectos profissionais ela é visível. A Teresa Caeiro tanto dava para a Defesa como para a Cultura. A Celeste tanto sabe de Justiça como de administração bancária.

23 Sept 2004

Causa e efeito


Primeira consequência de nos últimos dois dias ter realizado uma acção de formação sobre gestão do tempo?

Hoje quase não conseguir blogar.

22 Sept 2004

Declaração


A próxima pessoa que me falar na necessidade de ser assertivo entenderá, mais rapidamente do que pensa, o significado de ser "claro e objectivo".

21 Sept 2004

Maldade


É o que fizeram a José Sócrates no debate entre os três candidatos à liderança do PS hoje na SIC Notícias. É que só filmaram o homem de perfil, caramba. Sempre de perfil. E o nariz ainda se nota mais no vazio de ideias políticas.

Outra dúvida


Não tinhamos despedido o Fernando Santos na época passada?

PS: não, para além da chalaça, não vou comentar mais nada sobre o "momento" do Sporting. Há assuntos e problemas assim, incompreensíveis para quem está de fora e, às vezes, para quem está dentro. Apenas digo, ou repito, que o Sporting não é um clube de futebol. É um drama.

20 Sept 2004

Corto




Quem não conhece, aproveite agora a colecção do Público, todas as Segundas-feiras pela soma (irrisória, acreditem!) de €4 por livro. Quem conhece e nunca lhe deu a devida importância (que, convenhamos, é muita), redima-se agora. Está lá tudo.

Dúvida


Ontem, na Sic Notícias:

"O jovem pertencia a um grupo semi-anarquista (...)"

Alguém me quer explicar o que é um grupo semi-anarquista? Estilo no rules mas sem exageros, é?

17 Sept 2004

Take off with us


Acordo, estremunhado, no avião. Ouço uma voz, melodiosa, que pergunta: "sex on board?". Por um instante penso que estou a sonhar com o filme All That Jazz, naquela cena fantástica em que os bailarinos, na pele de uma tripulação demasiado amigável, cantam e dançam o "Take off with us". Mas a pergunta seguinte esclarece: "ventas a bordo?". "No, gracias". A pronúncia, ou a falta dela, tem muito que se lhe diga.

Serras Light


Lisboa não será a capital de um país civilizado enquanto não abrir um Starbucks.

15 Sept 2004

Ele merece


Parecem-me mal as críticas à nomeação de Luís Delgado para o Conselho de Administração da Lusomundo Media (dona, entre outros, do Diário de Notícias, TSF, Jornal de Notícias). Sendo eu um convicto defensor da meritocracia, tenho de admitir que Luís Delgado tinha de ser recompensado. Tais doses de sabujice, sempre raiando a histeria (lembrem-se, por exemplo do modo como este cronista defendia que o nosso actual Primeiro-ministro indigitado era o melhor candidato possível à Presidência da República), não são comuns e têm de ser tomadas em conta.

Tempo


Leio a Sara e a Charlotte escreverem sobre o excesso de trabalho que veio com Setembro. Same here, girls. Não sei se é da retoma ou se o Verão envergonhado que tivemos acabou, paradoxalmente, por dar mais energia ao regresso de férias. Mas que o tempo anda curto, lá isso anda.

Caixa Geral de Depósitos


Face às demissões de Mira Amaral e António de Sousa é altura de repetir a pergunta de jmf no Terras do Nunca:

"Manuela Ferreira Leite alguma vez existiu?"

"Quem?" responderão os membros do governo que não mudou.

14 Sept 2004

A Obra no poder


Sinistro o tom e a pose do nosso Ministro das Finanças ontem na comunicação ao país. Fiquei tão pasmado com a conversa que nem entendi bem o conteúdo. Parece que os senhores que estiveram lá antes eram uns pessimistas e que agora é que a coisa vai começar a aquecer. E que precisamos é de trabalhar mais. Que dos preguiçosos, já se sabe, não reza a história. Pax.

13 Sept 2004

Santanaportices (4)


Esta manhã ouvia uma jornalista da SIC Notícias dizer (cito de memória): "o Serviço Nacional de Saúde representa um prejuízo anual superior a mil milhões de €". Juro que não sei que números são estes. Mas mais uma vez vêm reforçar o que já tinha escrito aqui. Existe cada vez mais esta tendência para ver tudo o que é financiado pelos nossos impostos como simplesmente um custo, sem considerar o outro lado da medalha. O tal de que é importante assegurar cuidados de saúde de qualidade a todas as pessoas que necessitarem deles.

Esta proposta do nosso Primeiro-Ministro indigitado, de criar diferenciação nas taxas moderadoras, não é apenas mais um exemplo de populismo, embora lhe permita dizer frases idiotas mas vistosas.

É também o assumir que o Estado não tem, nem vai conseguir ter tão cedo, mão nos gastos com a saúde. E quando falo de mão, estou obviamente a referir-me ao desperdício de dinheiros públicos que se pratica em muitas unidades de saúde deste país. Se não queremos realizar reformas estruturais na Saúde, fazemos o quê então? Fácil. Introduzimos diferenciação nas taxas moderadoras, adoptamos o discurso de Robin dos Bosques, e se alguém levantar alguma objecção pomos ar de virgens ofendidas e replicamos "Como? Então não são a favor de quem pode mais paga mais?"

Sou. Mas é exactamente por isso que existem impostos progressivos. E, para além disso, basear diferenciação de pagamentos num sistema fiscal injusto em que, de uma forma generalizada, quem pode mais não paga impostos, significa apenas aumentar e perpetuar uma situação injusta.

Ou seja, importante mesmo era introduzir alguma justiça fiscal e apostar no combate à fuga aos impostos em Portugal. É que não sei se repararam mas os que pagam são sempre os trabalhadores por conta de outrem, ou se quiserem, generalizando outra vez, a classe média. Empresários, profissionais liberais, etc. declaram (coitados!) pouco mais que o salário mínimo.

Probabilidade de vermos Santana Lopes a iniciar um combate à evasão fiscal? Zero. É que depois (cá vem a piada fácil) as festas na Casa do Castelo ficavam tão vazias...

Minuto 34


José Peseiro começa a dar sinais preocupantes à frente da equipa do Sporting. Perder com o Vitória de Setúbal acontece a qualquer um e não é daí que vem mal ao mundo. Agora fazer entrar o Custódio, ao minuto 34, para substituir quem quer que seja do plantel revela muito. E nada de bom.

12 Sept 2004

Demasiadas


Estas maratonas de comida a que vocês chamam casamentos, duram quantas horas? Esta era a pergunta feita este fim-de-semana por um espanhol, estupefacto perante a capacidade estomacal exibida pelos convidados de uma dessas maratonas.

10 Sept 2004

10 de Setembro


Amanhã, há três anos atrás, vão ser gravadas as imagens que não mais nos sairão da cabeça.

Amanhã, há três anos atrás, o mundo vai descobrir que se transformou um sítio bem pior do que pensava até então.

Amanhã, há três anos atrás, vou estar pequeno, muito pequeno. Vou sentir que estou a ser atacado por gente insana, louca, que não entendo nem compreendo.

E pensar, obsessivamente, que aquelas pessoas que saltam da morte para a morte à frente dos meus olhos são eu.

A ideia é uma boa ideia


Ontem, enquanto circulava de carro entre o Terreiro do Paço e Santa Apolónia, pensava na excelente ideia que a CML teve para aquele troço de estrada. De facto, nada como realçar a proximidade daquela zona com o Tejo, fazendo com que, através dos solavancos e saltos proporcionados pelos buracos no asfalto, pareça estarmos a viajar num cacilheiro. Em dia de tempestade, é certo, mas também era pedir demais ser em dia de calmaria.

E que ano!


Parabéns ao Barnabé, que faz hoje um ano!

9 Sept 2004

Os especialistas da treta


Assistir a jogos de futebol na RTP1 é um sofrimento. Os comentadores de serviço são dramáticos, em todos os sentidos do termo. Sim, eu sei, que tenho a opção de desligar o som e limitar-me a ver o jogo de futebol. Mas o que é que querem? A curiosidade de saber até onde é que aquelas aventesmas conseguem ir é mais forte.

Ontem, no jogo Portugal-Estónia, cerca de 3 minutos antes de Portugal marcar o primeiro golo através de um cruzamento para a grande área (já agora, dos 4 golos que marcámos 3 foram através deste tipo de cruzamentos), um dos comentadores vaticinava que com esse tipo de jogadas não íamos a lado nenhum. Claro que 3 minutos depois, em vez de ter uma atitude honrada e dizer "peço desculpa aos senhores telespectadores por ser uma besta quadrada, em função da minha incomensurável estupidez ficarei calado até ao final do desafio, altura em que irei directamente à administração pedir a demissão", exultava com a capacidade táctica e a visão de jogo dos jogadores portugueses.

A especialistas de futebol, que é o que é suposto os comentadores serem, pede-se uma análise séria ao jogo. É que, para dizer mal da equipa quando esta está a perder ou empatada, para a seguir os declarar os melhores do mundo assim que marcam um golo, qualquer um serve.

8 Sept 2004

O barulho é de ouro


Confesso que não sou especialmente fã do barulho que foi criado à volta da entrada do Borndiep em território nacional. Entristece-me o aproveitamento eleitoral e político - à esquerda e à direita - desta questão da legalização do aborto.

Mas o silêncio aqui só serve à causa de quem pensa que as suas crenças são as certas e que todos temos de viver e pensar pela mesma bitola. Ou seja, o silêncio sobre este assunto apenas ajuda a perpetuar o escândalo do aborto clandestino em Portugal. Neste caso o barulho é de ouro.

7 Sept 2004

Aborto


Poucos temas me tiram tanto do sério como o da despenalização do aborto. Muito por culpa destas perguntas que não me saem da cabeça:

Que terá passado pela cabeça de António Guterres quando, indo claramente contra a vontade da maioria da Assembleia da República (que votou favoravelmente a despenalização do aborto, lembram-se?) e do seu próprio partido, decidiu convocar um referendo para decidir sobre um assunto que era (quase unanimemente) considerado da esfera pessoal de cada um?

Quantas mulheres morreram por falta de condições sanitárias desde então? Quanta vergonha e medo se juntou à angústia, ao desespero da tomada de uma decisão que, acredito, muita das vezes raia o insuportável?

Que terá passado pela cabeça das pessoas para não irem votar, deixando que o referendo fosse decidido pelo Portugal dos campanários?

Mais que não seja, toda esta questão à volta do borndiep teve o mérito de nos relembrar o calibre da extrema direita que está no governo. A tal que prefere mandar fragatas, perdão, corvetas para mostrar o músculo "aquelas senhoras" (na deselegantíssima expressão do nosso Primeiro-ministro indigitado). A tal que, de lágrima no olho da emoção patriota, diz frases do género "o mar português tem princípios". A tal que conhece o caminho certo, que sabe como é que as pessoas se devem comportar, que é dona da moral, dos bons costumes, da tradição. E não contente com ser dona, exige que todos se comportem e pensem pela mesma bitola. Senão, não entram.

Saco de gatos


Sim, é verdade, a democracia é uma coisa muito bonita. E também é óptimo que exista debate de ideias e confronto de soluções alternativas, etc., etc..

Claro que quando a "democracia acontece" no saco de gatos que o PS sempre foi, quem fica a ganhar são os adversários. Todo o verão choveram, nos jornais e televisões, insultos entre os três candidatos à liderança de um partido cada vez mais esquizofrénico.

Convinha que os três candidatos se começassem a esforçar um bocadinho menos. É que, a continuar assim, ainda dão a Santana Lopes a honra de ser eleito Primeiro-ministro de da República Portuguesa.

6 Sept 2004

Não quero ser mal-agradecido...


A propósito deste post de Rui Tavares, no Barnabé, dei-me ao trabalho (custoso, confesso) de ir ler o acceptance speech de George W. Bush à procura de uma passagem que me tinha chamado a atenção num telejornal. Cá está ela:

(...) freedom is not America's gift to the world; it is the almighty God's gift to every man and woman in this world.

Um dia destes tenho de me lembrar de ir agradecer o presente. Demorou foi uns quantos milénios a chegar e, ainda por cima, a poucas pessoas, mas como diz o provérbio "a cavalo dado,..."

Nonsense



"cliquem" na imagem para aumentar

5 Sept 2004

Em Roma sê romano


Em zapping, ouço a actriz brasileira Cláudia Raia proferir a seguinte frase: " a arte não tem nada a ver com política".

Mas também, convenhamos. Ela estava num programa do Herman José.

3 Sept 2004

Santanaportices (3)


Santana confirma manutenção da lei até final da legislatura
A lei do aborto não vai sofrer alterações até final da legislatura. A garantia foi dada pelo primeiro-ministro que, no entanto, mantém a porta aberta para o debate sobre o tema durante o novo ano parlamentar que agora se inicia.
in TSF. Resto da notícia aqui.

Santana Lopes, primeiro-ministro (não eleito) de Portugal, decidiu que os portugueses podiam conversar sobre a despenalização do aborto. Não podem é alterar a lei. Mas também isso já era abusar... É que vai-se abrindo a porta, abrindo a porta e qualquer dia ainda querem escolher o primeiro-ministo. Era só o que faltava.

2 Sept 2004

Da racionalidade rasteira


O meu optimismo, ou "este meu jeito leve de andar pela vida" como diz a minha mana, tem vindo a ser posto à prova com uma regularidade que me atreveria a chamar de insolente. Ainda assim, continuo a ser (fora de moda, é verdade) um crente profundo na natureza humana. Acho, aliás, que o egoísmo é uma forma de racionalidade rasteira, rasteirinha, que não tem em conta nem horizontes mais longos nem as componentes de felicidade que não são directa e facilmente expressas em cifrões.

Respeito, embora combata, o "sempre foi assim". Irrita-me, de uma forma pouco comum, as ladaínhas auto-justificativas de comportamentos incorrectos, de comportamentos maus, com argumentos de os outros (sempre os outros) fazem ainda pior, ou porque é que eu me hei de preocupar se mais ninguém o faz, ou se não for eu a fazer alguém o vai fazer a seguir?

Acho mesmo, a sério, que tenho a responsabilidade (humana) de ser ético, de ser solidário, de me continuar a chocar com a filha-da-putice glorificada pela sociedade com nomes pomposos do estilo "eficiência, downsizing, outsourcing". Enoja-me a chantagem permanente, a ideia fácil, de que proteger quem precisa (sim, que isto de viver em sociedade é um bocadinho mais do que encontrar os amigos na Casa do Castelo) é equivalente, apenas e só a aumentar impostos. De reduzir tudo a óptimos de Pareto sem levar em conta (porque é difícil mas também ideologicamente inconveniente) o que não conseguimos quantificar.

Isto da natureza humana é, acho eu, bem mais complexo do que assumirmos simplesmente que não vamos nunca passar de seres egoístas interessados apenas no nosso umbigo ou, quando nos dá para sermos generosos, em mais quatro ou cinco à nossa volta. Além disso (e lá vem o tal optimismo referenciado no início), há sempre a esperança de evoluírmos.

1 Sept 2004

Origens




Vi ontem (e aconselho vivamente), o filme The Shipping News, de 2001. A sinopse fala da história de um "emotionally-beaten man with his young daughter that moves to his ancestral home in Newfoundland to reclaim his life."

Esta questão da volta às origens tem mexido muito comigo nas útimas semanas. Estive imerso, por necessidades de arrumação, principalmente mental, em objectos do passado da minha família. Passado muitas vezes tão recente, mas que parece distante, já que é conhecida a tendência que temos para medir o tempo não em anos, que passam iguais com a monotonia que apenas os números conseguem ter, mas dividi-lo em acontecimentos "Isso foi antes de..." ou "Mas nessa altura ainda estavas em...".

As fotografias e, principalmente, os livros, evocam memórias de cheiros, de conversas, de momentos guardados. Ver, tocar, sentir o que os cobre e, finalmente, arrumar esses objectos é, penso, um exercício de respeito por aqueles que me fizeram (num sentido bem mais abrangente do que o apenas biológico) e que estão aqui, sempre, comigo. E claro, de saudade. Que, por esta altura, já enternece mais do que revolta. O que é, quero crer, um bom sinal.