8 Jun 2011

Desilusão

Há uma maioria clara de direita para os próximos quatro anos, embora estes estejam longe de ser quatro anos típicos. Só António Costa conhece as razões de não assumir agora o desafio de se candidatar à liderança do PS, mas esse (não) gesto tem uma leitura de calculismo político.

E isso chateia-me. O PS deve estar orgulhoso de tudo o que foi feito nos últimos seis anos, que foi muito mais do que os erros que foram cometidos. António Costa era um rosto de continuidade, sim, mas diferente o suficiente para criar a distância necessária a um novo líder.

Ficamos assim com António José Seguro, que espera há muitos anos esta oportunidade. Mas, lamento, não me parece que mobilize ninguém fora das tais bases que supostamente o apoiam. E com Francisco Assis, que respeito e foi um líder parlamentar extraordinário, mas que não deverá ser capaz de contrariar o momento de António José Seguro.

A sensação de que o melhor PS - na minha opinião, claro - se vai guardar para tempos mais auspiciosos é uma desilusão. Porque o que foi feito nos últimos 6 anos merece ser realçado e porque os próximos dois anos exigem uma oposição particularmente eficaz às tentações de uma direita reforçada pela maioria confortável que obtiveram e pelo momento peculiar que vivemos.

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