31 May 2004
Socorro!
Os três canais de televisão (RTP, SIC e TVI) foram invadidos por uns tipos mal encarados que dizem que "ainda é tempo para restaurar a ordem no nosso território", falam de "bandos étnicos que promovem o crime" e prometem "colocar sempre os portuguese primeiro" porque afinal "ainda somos senhores do nosso território".
São do PNR - Partido Nacional Renovador. Estão em simultâneo no prime-time dos três canais com um tempo de antena assustador. Que linda é a democracia.
30 May 2004
Cautela e caldos de galinha
Nunca se perguntaram de que são feitos os caldos Knorr? E porque é que são diferentes para a carne, para o peixe, para as galinhas? Eu já, mas apenas a mim, que não possuía a resposta. Hoje decidi tirar o assunto a limpo.
Descobri que são apenas o resultado da água de cozer a carne, o peixe ou as galinhas, juntamente com alguns temperos, em versão liofilizada! São caldos! Literalmente o resultado de caldos de cozedura.
Até hoje respeitava imenso a Knorr por ter inventado um dos símbolos da minha época. Achava que os caldos Knorr eram o resultado estranho e incompreensível de anos de pesquisa. Estou um bocado desiludido.
Mas mais sapiente. Sem dúvida mais sapiente.
29 May 2004
O fim do experimentalismo
Cheguei à blogosfera (como leitor) na semana do fim da Coluna Infame. Pouco tempo antes da criação do Flor de Obsessão do Pedro Lomba e do Dicionário do Diabo do Pedro Mexia. Dois espaços da blogosfera, mais ou menos intermitentes, que vi começar e terminar e cuja leitura me dava um prazer enorme.
Grande Porra. Permitam-me exaltar aqui o egoísmo. É evidente que os Pedros lá terão as suas razões para acabarem com o "experimentalismo". Mas eles não sabem como ele, o experimentalismo, é importante para mim agora. E não me está nada a apetecer pensar que vai acabar um destes dias.
Sei que o Fora do Mundo vai continuar. Nada de pessoal, mas parece-me fraca compensação.
28 May 2004
Uma boa notícia
CHILE
Pinochet perde imunidade
O Tribunal de Recurso de Santiago levantou a imunidade ao ex-ditador Augusto Pinochet. A detenção do ex-presidente chileno vai agora ser avaliada pelo Supremo Tribunal de Justiça.
in TSF. Resto do artigo aqui.
Fico à espera da caracterização do ditador n'O Acidental.
26 May 2004
25 May 2004
24 May 2004
Oh porra, lá se vai a retoma!
Nem a evolução?
(post em tom propositadamente paranóico)
Olho em volta para tentar perceber onde estou. Vejo uma placa, onde leio: "Rua Portugal Durão". Gelo. Já começou. É o segundo sinal do dia. O primeiro foi o cartaz, com uma moçoila sorridente, erguendo um cachecol onde se lê: "Força Portugal".
Já ontem foi o discurso. O tom. As ameaças. A mensagem, pouco subliminar, "quem prejudica a imagem de Portugal é um traidor" ou "Tudo pela Nação, nada contra a Nação". E a volta dos "comunistas" como culpados.
A revolução está morta, já não há dúvidas. Nem a evolução nos resta?
23 May 2004
Wish-list
Não estivesse enterrado nos livros (um dia hei-de perceber se isto de estudar é masoquismo ou vocação), gostaria de postar sobre:
1 - A boda real em Espanha (ou o reforçar do meu republicanismo).
2 - A vitória de Michael Moore em Cannes (ai, ai, o anti-americanismo).
3 - A unanimidade à volta de Durão Barroso, em Oliveira de Azeméis (dá quase a ideia de que estão prestes a fazer-lhe a folha).
4 - A remodelação governamental e o bem que se aplica aqui o uso do singular (ou mais propriamente o porquê da remodelação, visto que ninguém percebeu).
5 - A 2ª boa notícia para o Sporting esta semana (depois do despedimento de Fernando Santos, parece que o Toñito vai para o raio que o parta - vulgo Boavista). É bom demais para ser verdade.
22 May 2004
21 May 2004
Hoje tenho de...
20 May 2004
Obrigados a pensar
"Um dia, quando se alcançar um tratado de paz, e o embaixador palestiniano apresentar as suas credenciais ao presidente de Israel na secção ocidental de Jerusalém, enquanto o embaixador israelita as apresenta ao presidente palestiniano em Jerusalém oriental, seremos todos obrigados a rir da estupidez do nosso passado. Mas, mesmo por entre esse riso, seremos obrigados a responder por tanto sangue inocente derramado. As mães e os pais dos mortos não rirão connosco.”
Excerto de um texto de Amos Oz lido no Rua da Judiaria, sobre a questão palestiniana. Vão ler o resto. Está lá tudo.
Submeter
Entreguei ontem a declaração de IRS. Pela primeira vez dentro do prazo estabelecido. Convenci-me finalmente que já pagava o suficiente ao Estado sem juntar uma multa à laia de gorjeta, ou coisa que o valha.
E então? Então é impressionante como a DGCI conseguiu transmitir para a Internet a atmosfera reinante nas repartições de finanças. E não, não acredito que seja por acaso. Todo o ambiente e aplicações são pensadas para tornar o contribuinte pequeno. É palpável a vontade em fazê-lo sentir-se pequeno. Por exemplo, não se entrega a declaração de IRS. Submete-se. É esse o termo utilizado. Logo depois, somos informados que a declaração irá ser sujeita a processamento central.
Quem procura a explicação em velhos vícios numa nova plataforma está, para mim, errado. A distância imposta é, como sempre foi, propositada.
19 May 2004
Da problemática do Bom-dia
Troco com frequência os cumprimentos estabelecidos quando encontro ou me despeço das pessoas. É comum, senão normal, sair-me um sonoro e sincero “Bom-dia” sob o (agora) abrasador Sol das 3h da tarde. Trocar a manhã pela tarde. E a noite pelas duas. Não tentei perceber o porquê de baralhar as várias fases que compõem um dia, limitei-me a aceitar a incapacidade de acertar no correcto. Isto, apesar de conjecturar, de quando em vez, se me sinto mais virado para a metafísica, que me agrada não cumprir as regras estabelecidas, mesmo que, ou se calhar por acontecer, de forma inconsciente.
Tentei durante uns tempos adoptar como fórmula mágica e única o “Bom-dia”. Isto porque, para além do mais, me parecia discriminatório, e sintomático de maiores problemas, a necessidade sentida de compartimentar um dia, como se fosse mais fácil ter horas certas para trocar de máscara, para mudar de discurso. Deixem-me dizer, de resto, que o meu problema se centra exclusivamente na hora marcada, na hora certa. O uso de máscaras não é apenas normal. É vital. Mas isso fica para outro dia.
Voltando à problemática da dissonância entre mundo real e mundo apreendido, deparei-me, como seria de esperar, com enormes dificuldades. A maior parte das pessoas não perdia a oportunidade para me responder: “Bom-dia? A esta hora?”, enquanto certamente pensava: “acabaste de te levantar, não foi?” ou “credo, o que a droga faz às pessoas”. Todas as minhas tentativas de explicar o porquê deste comportamento bizarro batiam de forma cruel no muro do hábito, do preconceito.
O que aliás faz sentido. Se o problema é meu, porque é que são os outros que têm de ter trabalho?
18 May 2004
Do que tens de te lembrar
"Para ser grande, sê inteiro: nada
Teu exagera ou exclui.
Sê todo em cada coisa. Põe quanto és
No mínimo que fazes.
Assim em cada lago a lua toda
Brilha, porque alta vive."
Ricardo Reis, 1933
I had it coming
Leio a palavra esternutações,escrita pela Inês, no My Moleskine. Por estas bandas, a coisa também não anda nada fácil. Acho que o desprezo com que, durante anos, observei o abrangente conceito de alergias decidiu vingar-se de uma vez só. É justo.
17 May 2004
Resultados surpreendentes
Which Famous Homosexual are you?
Brought to you by Rum and Monkey
"Until God got biblical on your ass"???? Não tenho palavras. Até eu acho isto uma heresia. Têm aqui em baixo o resumo.
Which Famous Homosexual Are You?
Wooh. You're Paul the Apostle!
As lowly tent-maker Saul, you hated the Christians and persecuted them, until God got Biblical on your ass. You soon changed your name to Paul and became an ardent follower of Jesus Christ, preaching the good word wherever you went.
These days you're the patron saint of a whole bunch of different things, including musicians, newspaper editorial staff and hospital public relations. Don't ask us, we don't assign these things.
You're also gay. John Shelby Spong, Archbishop of Newark, has written: "The war that went on between what he desired with his mind and what he desired with his body, his drivenness to a legalistic religion of control, his fear when that system was threatened, his attitude toward women, his refusal to seek marriage as an outlet for his passion -- nothing else accounts for this data as well as the possibility that Paul was gay."
In the Bible you are seen to wrestle with your sexual desires, even though you yourself write about men laying with men as being "unseemly". A clear case of repression and denial?
PS - a melhor pergunta do teste é:"Have you ever obliterated a village?"
Irritações (1)
A repetição de sinónimos (deve ser para dar ênfase). E o abuso dos advérbios (crime que eu cometo frequentemente - ups - também). Tudo isto por causa de algumas frases ouvidas hoje numa acção de formação, dada por um advogado:
"Queremos evitar, prevenir, garantir que tal situação não acontece..."
"Eles sentiram a necessidade de assumir, controlar, garantir, assegurar a supervisão..."
"Já concumitantemente, concorrentemente temos a situação..."
16 May 2004
Post "Coisa feia, a inveja"
Finalmente a economia portuguesa vai começar a crescer. Ou, espera aí... Não me digam que é só quando conseguirem ser campeões! Estamos feitos.
Actualização: é disto que eu estou a falar.
14 May 2004
Fátima
Vejo as imagens da celebração do 13 de Maio na televisão. As chamas, belas, reproduzidas às centenas de milhar na noite. Lembro-me da primeira (e única) vez que fui a Fátima, com os meus avós. Devia ter à volta de sete, oito anos. A recordação mais forte é a de uma senhora, à volta dos 50 anos de idade, a percorrer aquela passadeira enorme que vai até ao santuário. De joelhos. Em sangue.
Na altura revoltou-me. Não percebi qual era a necessidade ou o que é que aquele espetáculo tinha a ver com Deus. Hoje não me revolta, culpa da entretanto aprendida noção de Liberdade. Mas continuo a não perceber. Por mais que tente, continuo sem perceber.
Uma boa ideia
Pacheco Pereira, para político, é um pensador de uma independência impressionante face ao seu partido. Vejam aqui a defesa da extinçao da JSD, por esta não passar de um trampolim de carreira para políticos.
Eu acrescentaria que a medida devia ser generalizada a todos os partidos. É que para além de não servirem a ninguém excepto aos próprios, as jotinhas e os jotinhas são, na generalidade, de uma boçalidade que roça o intolerável.
Nota
É de elogiar (e de esperar que sirva de exemplo) o gesto de António Champalimaud em doar €500mn para a criacão de uma Fundação para a investigação na área da Medicina. Sem mas.
13 May 2004
É um mundo mágico
cliquem na imagem para aumentá-la
Já aqui tinha escrito que o Calvin&Hobbes são os meus gurus. Gosto especialmente desta tira, desta noção da vida como "folha em branco". Noção demasiado esperançosa para se adequar à realidade, claro, mas mesmo assim suficiente para relembrar o tanto que depende de nós.
É um mundo mágico. Bora explorá-lo?
12 May 2004
As barricadas
Falta-me a paciência para a conversa "não podes falar da tortura a prisioneiros iraquianos porque não disseste nada sobre Cuba". Enoja-me o contentamento com que alguns blogs hoje exibem a fotografia do homem prestes a ser decapitado - do estilo, "agora posso colocar no blog fotografias de tortura e assassínio de seres humanos que não são perpetrados por tropas americanas". Ou outros que exibiam a tortura a prisioneiros iraquianos como se fosse uma vitória moral contra "O Império".
Não vos parece que a barbárie ultrapassa a questão esquerda/direita? Que o terrorismo, o desrespeito pelos direitos humanos não são propriamente armas de arremesso contra o outro lado da barricada política?
Claro que todos estes assuntos têm de ser denunciados e debatidos. Mas às vezes perde-se a noção. De humanidade.
11 May 2004
Pasárgada
Volta não volta, vem-me à ideia este poema de Manuel Bandeira. Todos devíamos ter uma Pasárgada para onde nos pudéssemos ir embora.
VOU-ME EMBORA PRA PASÁRGADA
Vou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada
Vou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tive
E como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansado
Deito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d'água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa me vinha contar
Vou-me embora pra Pasárgada
Em Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorar
E quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
- Lá sou amigo do rei -
Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
Manuel Bandeira, in Vou-me embora pra Pasárgada, José Olympio Editora
Auxiliares de memória
A propósito deste post do Pastelinho (lampiões mas, apesar disso, decentes), lembrei-me do que alguém me contava sobre os adeptos que costumam circundar o Dias da Cunha (com muito cachecóis e bandeiras) sempre que ele faz declarações para a comunicação social. Ao contrário do que possam pensar, eles não estão lá para apoiar o Sporting Clube de Portugal. Estão lá para que o Dias da Cunha, dentro da confusão mental que o aflige, se lembre de que clube é Presidente. São carinhosamente tratados, dentro do clube, como os Auxiliares de Memória.
A propósito, uma nota de esperança: o tempo continua a passar e Fernando Santos ainda não foi confirmado como treinador da próxima época.
10 May 2004
Livra...
SIC Notícias: "Não perca já a seguir, Frente-a-Frente entre Maria de Belém e Telmo Correia"
A amostra gratuita a debater com o escuteiro do PP? Mas quem é que estará interessado num debate entre estas alminhas?
Os "nossos"
Ouço comparações falando de como, para a tradição árabe, as torturas infligidas por soldados norte-americanos a prisioneiros iraquianos são levezinhas e até comuns. Não o consigo encontrar na edição on-line do DN (chamar edição on-line é ser bonzinho), mas na semana passada era publicado um cartoon na última página exactamente com este mote. Não sou qualificado para discursar sobre a atitude da cultura árabe face à tortura de seres humanos. Aliás, acho de imediato complicadas estas generalizações: "os árabes são assim ou assado".
De qualquer forma, não deixa de ser chocante justificarmos a nossa própria brutalidade com a brutalidade do "inimigo". Ou pensar que a nossa matriz cultural, a matriz das democracias ocidentais (ó para mim a generalizar também) inclui comportamentos deste tipo, sancionados pelas hierarquias (até serem descobertos, claro!). Por mais que condene a intervenção americana no Iraque, é para mim absurdo que "os nossos", os da tal matriz civilizacional que é a nossa, tenham comportamentos deste género num país que é suposto libertarem e democratizarem.
8 May 2004
Resistir é Vencer
Grande, grande concerto de José Mário Branco hoje no Coliseu de Lisboa.
"Ser solidário assim pr'além da vida
Por dentro da distância percorrida
Fazer de cada perda uma raiz
E, improvavelmente, ser feliz"
PS: tem razão jmf, no Terras do Nunca. Depois do que vimos ontem à noite, temos todo o tempo do Mundo!
7 May 2004
Mais uma que só pode doer...
A opinião de Vasco Pulido Valente sobre o momento actual do PSD:
Vasco Pulido Valente, que foi deputado do PSD e secretário de Estado de Cavaco Silva, considera que "pessoa a pessoa" o PSD tem hoje o pior governo que este partido já teve. "O primeiro governo do eng. Guterres foi bem melhor que este (...)"
Pior que o Guterres... Ouch!
PS: VPV, elogiado e citadíssimo em alguma blogosfera é, de quando em vez, estranha e totalmente ignorado. Este será, certamente, um desses casos.
Mistério
Que razão explicará a escolha de Sousa Franco como cabeça-de-lista do PS às eleições europeias? É que eu, sinceramente, não sou capaz de perceber...
6 May 2004
5 May 2004
Tributável
"Queriam-me casado, futil, quotidiano e tributavel?
Queriam-me o contrario d'isto, o contrario de qualquer coisa?
Se eu fosse outra pessoa, fazia-lhes, a todos, a vontade.
Assim, como sou, tenham paciencia!
Vão para o diabo sem mim,
Ou deixem-me ir sòzinho para o diabo!
Para que havemos de ir juntos?
Não me peguem no braço!
Não gosto que me peguem no braço. Quero ser sòzinho.
Já disse que sou só sòzinho!
Ah, que maçada quererem que eu seja de companhia!"
Excerto de Lisbon Revisited 1923, Álvaro de Campos
Ando às voltas com estes versos de Álvaro de Campos. Ou melhor, ando à volta comigo. Com o tanto que estes versos me diziam há 10 anos atrás. Estava enganado nessa altura ou estou a enganar-me agora?
Interrompemos a emissão para...
dar os parabéns ao FCPorto pela passagem à final da Liga dos Campeões. E pelo Campeonato Nacional. E pela eventual conquista da Liga dos Campeões. E pela eventual conquista da Taça de Portugal. E por qualquer título ou taça que venham a ganhar nos próximos anos.
Pronto, já despachei estes. É que senão um gajo não faz mais nada.
4 May 2004
Imperdoável
Ainda não ter referido aqui o acontecimento político mais importante dos últimos tempos. Dia 1 de Maio de 2004 passámos a ser 25 países no projecto de construção da União Europeia. Como diria o outro, "seja bem vindo quem vier por bem".
Iraque
Não me é fácil escrever sobre a ocupação americana do Iraque. A queda de uma ditador como Saddam Hussein é, invariavelmente, um motivo de alegria. Mas (cá vem a fatídica palavra...) toda a história desta invasão foi mal contada desde o início. Os episódios da "demonstração" na ONU da existência de WMD (com uma fantástica apresentação de powerpoint), a cimeira dos Açores em que se jurava a pés juntos a existência de provas fortes dessas mesmas WMD, são hoje episódios anedóticos que se manterão vivos durante muito tempo. Se existiu mentira nas razões que implicaram a invasão de um país, a invasão em si também não parece estar a correr propriamente bem. Os EUA são cada vez mais vistos como país invasor e não como libertador. Os acontecimentos de Falujah e o recente escândalo da tortura de iraquianos às mão de tropas da coligação só vêm dar uma mão a quem apoia a visão de esta operação estar a ser conduzida contra os iraquianos e não por eles.
Tudo isto me preocupa. Porque sei bem onde está o "meu" lado - o lado das democracias ocidentais. Quando nos encontramos numa situação de elevadíssima tensão civilizacional, é muito mau perdermos a razão. E é exactamente isso que a desastrada invasão do Iraque (e já agora o apoio incondicional dos EUA às políticas de Ariel Sharon face à Palestina) pode acarretar.
Entendo que é necessário (diria mesmo vital) lutar contra o terrorismo. Existe uma facção de extremismo islâmico com a qual não poderemos conversar, não se conversa com quem tem como único objectivo o extermínio da nossa civilização. Mas ainda ninguém me conseguiu explicar porque é que invadir o Iraque, ainda por cima com razões que se vieram a provar falsas, vai ajudar nesta luta.
Actualização: grande tira do Bartoon aqui.
Nem mais
Sem querer, parece-me, Luís Afonso acerta em cheio na definição da relação do Sporting com os seus adeptos.
3 May 2004
It gives me great pleasure to announce...
Um murdering bastard na blogosfera. Responde pelo nome de Burro Amarrado. Como em tantas outras coisas na vida, aqui o nome engana: a corda não está presa a lado nenhum.
Bem-vindo à blogosfera, Burro. Inauguras, com todo o mérito, a rubrica Amigos nos links alí à direita. Boa sorte para a Initial Public Offering.
A prioridade
Devem doer como tudo, ao governo PSD/PP, as recentes divulgações do relatório do Banco de Portugal sobre o défice orçamental. Ficámos então a saber que, mesmo descontando os efeitos do abrandamento económico e do retirar da esfera orçamental de parte significativa dos custos hospitalares (com a transformação destes em S.A.’s), o governo PSD/PP conseguiu a proeza de ser mais despesista do que os governos Guterres (4,4% a 4,3% de défice orçamental em 2003, pior que os 4,1% de 2001).
Isto é, o défice não pára de aumentar. Isto é, a tão propalada contenção, rigor, etc. equivale a propaganda e a páginas de publicidade pagas nos jornais. Isto é, a Manelinha parece estar a falhar redondamente. Para quem tinha anunciado a estabilização financeira como prioridade máxima…
Se nas Finanças a coisa está complicada, na Economia não se está muito melhor. A manchete de hoje do Diário Económico fala-nos de como o dossier Galp foi retirado (é esta a expressão) ao Ministro da Economia, o triste Carlos Tavares, e entregue (tremam!!) a Morais Sarmento, para que não suceda à Galp o que sucedeu ao dossier Portucel. As buscas para tentar encontrar um dossier que Carlos Tavares tenha efectivamente resolvido continuam, embora as esperanças diminuam a cada instante…
Serviço completo
Esta é, provavelmente, a época em que o meu clube mais me envergonhou. Não é uma afirmação de ânimo leve quando se é sportinguista. Fernando Santos torna-se dramático na calma e sensação de normalidade que consegue transmitir após os desaires mais inacreditáveis dos quais ele é o principal (ia escrever único mais lembrei-me do Paixão) responsável.
O Sporting foi humilhado na taça UEFA. O Sporting foi humilhado na Taça de Portugal. Faltava a Superliga. Já está: três derrotas consecutivas a quatro jogos do fim do campeonato.
Desesperante, mesmo desesperante, é sair de um Sporting-Benfica derrotado e não conseguir estar furioso com os lampiões. Porque eles não tiveram praticamente nada a ver com terem ganho este jogo.
Não, desculpem. Desesperante é saber que Fernando Santos vai continuar a ser treinador do Sporting Clube de Portugal na próxima época.
PS: inaceitável o comportamento dos grunhos da Juventude Leonina que invadiram o campo. Contra mim falo, mas espero bem os primeiros jogos do Sporting no próximo campeonato sejam em casa emprestada. E, se não for pedir muito, que a direcção do SCP retire definitivamente qualquer apoio prestado a tais criaturas.
2 May 2004
Subscribe to:
Posts (Atom)